Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

3° Encontro Internacional do Servas Youth, em Istambul (De 19 a 26 de julho de 2008)

Alguns dos participantes, da esq. à dir.: Sally, da Malásia, Orly, de Israel; Mafê, do Brasil; Ahmed, do Egito; Pablo, da Argentina; e Gal, à frente, de Israel.



-- Notícias do front 1/21-07-2008



Já passa da uma da manhã, e a cantoria segue solta à beira do lago da Universidade Sabanci, a meia hora de Istambul, Turquia. A lua cheia, que começa delicadamente a dissolver-se, foi testemunha da afinação da maioria dos membros Servas presentes na sessão musical, conduzida pelo italiano Fabrizio, a venezuelana Margiari e a finlandesa Mina. Os dias do 3º Encontro Internacional do Servas Youth têm sido longos – o café da manhã começa às 8 horas e, geralmente, vamos dormir às 2 ou 3 da madrugada. Atmosfera pesada, atividades cansativas, palestras enfadonhas? Nada disso. E, depois das 23h, quando a música entra em cena – seja para dançar, seja para cantar –, o mundo parece pequeno para tanta animação. E para tantas nacionalidades. Não sei ao certo quanto somos, pois a cada dia chegam novos participantes. A conta deve girar em torno de 60 pessoas de várias idades e de vários países, todos jovens em espírito e disposição. Os cinco continentes estão representados.
Que lindo aprender com o pacifista indiano Subba Rao, mais conhecido como "Bhai Ji" (irmão mais velho), de 75 anos, que conduziu brilhantemente uma palestra sobre Gandhi, os princípios de paz, nosso compromisso com a mudança – que começa dentro de cada ser humano e pode se espalhar por todos os povos do planeta. Que lindo ver a israelense Orli conversando com o egípcio Ahmed, eles que estão tão próximos mas não se podem visitar por conta das diferenças todas e dos conflitos do Oriente Médio (ela vive em Jerusalém; ele, em Alexandria). Também é bonito ver a jovem indiana Maitree dançando com o polonês Janek, o indiano Rushak encantado pela turca Sem e Sally, da Malásia, simpaticíssima e esfuziante, fotografando o argentino Pablo Chufeni, coordenador do Servas Youth, em suas piruetas e caretas. No grupo das senhoras de coração juvenil, Diane, de Singapura, bate papo com a italiana Ana que, por sua vez, fala com a inglesa Margareth. Os pedacinhos do caminho da solidariedade se formam gradativamente. "Que bom estar aqui", diz a holandesa Carla.
Temos falado do Servas, temos falado de paz, temos trazido à tona nossa semelhança como seres humanos e nossas divergências também tão humanas. O programa, elaborado com carinho e dedicação pelo time turco, contempla palestras, espaços de discussão, atividades recreativas e filmes, além das sessões musicais. Hoje foi dia do documentário "Echoes Across the Divide", do australiano Adam Sebire, também membro Servas, sobre Nicosia, a cidade dividida entre gregos e turcos na ilha de Ciprus. Tocante, o longa-metragem nos fez explorar as questões relacionadas aos conflitos e as possibilidades de derrubar os muros que nos afastam do Outro. Pouco a pouco, vou lhes dando mais notícias. Agradeço ao Servas Bélgica-Luxemburgo pela possibilidade de estar aqui. É revigorante encontrar tantos semeadores de um novo mundo...




-- Notícias do front 2/26-07-2008


Me desculpem pelo atraso no envio desta segunda mensagem. Os dias foram bem agitados durante o encontro internacional em Istambul, que terminou sem lágrimas e sem velas, mas com fitas amarelas de esperança, no sábado 26. Perdoem também a falta de acentos, escrevo de um teclado turco, aqui no Chipre, para onde vim por pura curiosidade, seguindo o chamado de meu coração logo apos ter assistido ao documentário sobre o qual comentei na mensagem anterior. Deixei Istambul com lágrimas nos olhos de saudade -- nao so' da cidade que ja' me acolheu três vezes, mas principalmente de todas as pessoas lindas que conheci nos sete mágicos dias de encontro. Estou viajando por diferentes países do globo, durante sete meses, numa tentativa de compreender o mundo em que vivemos e os enroscos de nossa realidade. Minha opção por zonas de conflito ou de questões sociais e ambientais prementes foi consciente; meus olhos estão ávidos por explicações. E meu coração segue colhendo os pedaços de mim mesma, como humana e gente, pelos lugares todos, proporcionando-me uma indescritivel jornada interior. Assim, o encontro de Istambul foi um alento, um invento, um impulso e um fluxo. Ter conhecido pessoas incréveis, vindas de recantos tão diferentes, contudo todos com a mesma chama e grandes sonhos, me encheu de esperança e de fé. As conexões se criaram, projetos foram esboçados e agora cabe a nós, servianos, abraçarmos a causa da paz na prática, no aqui e no agora.

Assistimos emocionados a um curta-metragem no Youtube com uma entrevista realizada pelo Servas Japão com Bob Lutweiler, fundador da organização morto este ano. Entre outras coisas, Bob falava que nao podemos perder a essência do Servas, a construção da paz por meio da partilha entre anfitrioes e viajantes. Servas é mais que dois dias de hospedagem; trata-se de um instrumento poderoso para a compreensão do Outro, para a amizade verdadeira. So' nao lhes mando o link porque o youtube esta' proibido na Turquia, em virtude do uso mal-intencionado de vídeos contra Atatürk, o fundador da republica, por radicais islâmicos que querem que o país se torne um Estado religioso mulçumano. Alias, esta é uma das questões com as quais a Turquia lida atualmente, alem do problema com os curdos (voces souberam do atentado no domingo 'a noite?) e da posição quanto ao Chipre. Busquem no youtube Bob Lutweiler e "sjtomioka", o nick do rapaz que postou o vídeo. Muitas ideias brotaram no encontro, especialmente quanto 'a juventude. Falamos da promoção do Servas e da integração dos membros em cada país. O que nos atrai no Servas? Comentamos o SYLE e refletimos sobre tópicos relacionados aos jovens: o projeto Música pela Paz, a criação e manutenção de um website, a necessidade de voluntários engajados, a criação de espaços de interação. Falamos também de redes de solidariedade, como minha sugestão de criarmos uma lista de instituições humanitárias, ambientais ou sociais e ONGs, nas quais os membros locais estejam envolvidos, para oferecer aos viajantes que desejam se engajar como voluntários por um periodo. Porque, de novo, precisamos resgatar os princípios basilares do Servas: estudo, trabalho e viagem. Estamos esquecendo de que chega um momento em que é preciso dar um passo além. Bacana conhecer estrangeiros; com o CouchSurfing e o Hospitality Club isso também é possivel. Mas e daí? E então? E depois? E que mais?

Nossas noites 'a beira do lago foram cheias de poesia e afeto. Grandes amizades se firmaram, alguns romances começaram la' tambem. Na sexta 'a noite, na cerimônia de encerramento, tivemos lindas apresentações. O grupo indiano se apresentou, vestido a caráter, mostrando as danças tipicas de cada estado daquele formoso e encantador país. Magi, a venezuelana que esta' viajando pela Europa como parte de sua pesquisa humanitária, tomou seu "violão venezuelano" (o nome me escapou) e se pôs a cantar tal e qual Janis Joplin nos idos dos anos 60, emocionando as gentes todas. Quatro jovens turcos, liderados por Ozge, também nos proporcionaram momentos de pura música, deleite e poesia. Os egipcios mostraram sua dança tipica. E eu com meu amigo turco Jaki, amigo Servas de outros carnavais, entramos em cena como clowns para contar uma história de que a solidariedade é possivel mesmo com as diferenças todas. Tudo foi tão bonito...


-- por Maria Fernanda Vomero, Secretária de Paz
e representante brasileira no encontro





Parte do grupo reunido no centro de Istambul, durante um tour


Resumo do que se falou
Alguns dos temas que foram discutidos no encontro:

1. SYLE – Servas Youth Language Experience: Uma bem-sucedida experiência promovida pelo Servas Youth em distintos países. Depoimentos da venezuelana Magiari Diaz, que fez o programa na França, e da brasileira Maria Fernanda Vomero, que foi recebida pelos integrantes do México. (O Servas Brasil, por meio dos anfitriões de São Paulo, tem sido um dos mais ativos).

2. “PAZ PRÁTICA” – Servas & voluntariado: Termo introduzido pela inglesa Ann Greenhough, do Servas britânico, “paz prática” faz referência às formas concretas e cotidianas pelas quais viajantes e anfitriões Servas possam fomentar a paz em suas comunidades. A idéia é agregar à hospitalidade a possibilidade de envolvimento comunitário por meio do voluntariado. Assim, os anfitriões Servas podem oferecer a seus visitantes uma participação direta em causas que ambos considerem valiosas. Magiari contou sobre sua participação no PAFRAS (Positive Action for Refugees & Asylum Seekers), realizado em Leeds, na Inglaterra, com apoio de Ann.

3. REAVIVAR O ESPÍRITO SERVAS: Foi um consenso: infelizmente, os princípios de trabalho, estudo e viagens com os quais o Servas foi fundado estão se perdendo. O atrativo da mera hospedagem tem sido mais presente que os pilares propostos por Bob Lutweiler. Como sair desse marasmo em que o Servas se encontra?

4. COMO ATRAIR MAIS JOVENS? É fato que o Servas vem envelhecendo e tem encontrado dificuldade em atrair mais membros jovens, talvez por conta de algumas dificuldade que a própria estrutura da organização apresenta. Algumas sugestões para cativá-los:
* Digitalizar as listas e disponibilizar acesso seguro e confidenciar delas na Internet;
* Permitir que os jovens possam ser entrevistados em qualquer país, durante uma viagem, desde que venham recomendados por um membro ativo de Servas e sejam entrevistados por integrante local;
* Possibilitar que os jovens entrem na organização somente como viajantes e, se está dentro de suas possibilidades, como day host.
* Desenvolver atividades e reuniões a fim de estimular a participação da juventude.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Uma estreia inesquecível


A anfitriã Gabriela, de Perugia, entre Alva e Caio; à dir., os dois com o anfitrião Enrico, de Veneza, e o amigo brasileiro também chamado Enrico


O destino da primeira viagem de ALVANY MARIA DOS SANTOS SANTIAGO com o Servas foi a Itália. Che fortuna, tutti buona gente!

Conheci o Servas por meio de um amigo francês, quando planejava uma viagem para a Itália e a Espanha a fim de comemorar o aniversário do meu filho Caio, de 20 anos (graças a Deus, ele aceitou viajar comigo em vez de fazer outro mochilão com os colegas da USP no meu carro!). Minha mensagem solicitando informações foi logo respondida pelo Secretário Nacional, Roberto Borenstein. E, em junho de 2008, durante uma reunião dos membros de São Paulo, passei por uma entrevista e comecei a integrar a organização.

Depois de enviar vários e-mails aos membros italianos sem obter resposta, resolvi escrever para a coordenadora regional de Lazio, Vittoria Giardi, que me indicou duas anfitriãs. Liguei para Pina di Maio, que nos recebeu em Roma. Foi ótimo chegar a uma terra estranha e encontrar um rosto “amigo” nos esperando no metrô, além de poder contar com a sua hospitalidade e as boas conversas durante os jantares. Num deles encontramos Marcella, filha de Pina e fã incondicional de “Salvador da Bahia”, cidade que já visitou várias vezes e na qual alugou uma casa. Conhecemos Cicina, outra anfitriã Servas, com quem partilhamos uma deliciosa pizza. E também estivemos hospedados com a própria Vittoria por dois dias.

Foi surpreendente a acolhida que recebemos. Enquanto eu e Caio passávamos os dias empolgados com a magnificência de Roma, nossas novas amigas planejavam nossa viagem pela Itália ou nos preparavam uma deliciosa comida. E, sempre que podiam, nos davam carona.Depois de Roma, visitamos as cidades medievais de Perugia e Spoletto, e ficamos hospedados com Maria Gabriela, simpática anfitriã recomendada por Vittoria. Aprendi a fazer tortilla de cebola com ela! Em Veneza, foi a vez de Enrico Mancuso – indicado por Pina di Maio – nos hospedar. Que agradável estar com Enrico e seus amigos, além de experimentar Spritz (uma bebida muito forte para mim, que quase não bebo)! Depois, seguimos para Espanha, mas, apesar do empenho de Pina em localizar um anfitrião, nos hospedamos em hotel, como já havia acontecido em Florença.

Caio e eu ficamos impressionados com o carinho do Servas Itália. Foi gratificante conhecer o país tendo contato com as pessoas, a cultura e o modo de vida de lá. Para mim, o Servas se revelou uma ótima forma de fazer novos amigos e de viajar por meio do convívio com os moradores do local. Agora fico na expectativa de receber o primeiro hóspede em Petrolina (PE) & Juazeiro(BA)!

Alva, Pina Di Maio, Cicina, Vitoria e Caio provando as delícias da culinária italiana em Roma

Em Pinda, para celebrar os 60 anos do Servas

Um brinde ao Servas sexagenário!: Da esq. à dir., Luci, Andrea, Fabio, Marita, Mafê (agachada), Alice, Tom (à frente), Roberto, Wellington e Deca

Entre os dias 15 e 17 de janeiro de 2009, o encontro do Servas na cidade de Pindamonhangaba reuniu 11 servianos que, unidos basicamente pelo desejo de partilhar, marcaram mais um passo no processo de amadurecimento da organização no Brasil. Estiveram presentes Fábio e Marita Fonseca, os delicadíssimos anfitriões, Maria Fernanda Vomero, Roberto Borenstein, Débora Pinto, Maria Alice e Wellington Santos, Tom Tate, Luci Braga, Andréa Assis e Lílian Gelman. Esta foi também, oficialmente, uma das comemorações pelos 60 anos do Servas Internacional. Primeira atividade desta que vos escreve no Servas – recém-chegada, e com um verdadeiro olhar estrangeiro, não foi com pouca surpresa que me vi envolvida pelo encontro, pelos encontros – a celebração foi marcada por um clima de cordialidade e muita conversa.

Na sexta-feira, os primeiros a chegar a Pindamonhangaba foram o casal Wellington e Maria Alice, Tom e Luci. Recebidos por Fábio e Marita, eles deram início às atividades com uma visita à cidade, onde puderam conhecer o Museu Municipal. No sábado pela manhã, juntaram-se ao grupo os demais participantes. Da casa de Fábio e Marita na cidade, após os primeiros papos da chegada e já preparados para o almoço, dirigiram-se todos em comboio para um local ao pé da Serra da Mantiqueira. Com trutas pescadas na hora dispostas em uma grande mesa, todos compartilharam a refeição e puderam ali, ao redor da mesa, aproximar-se. Alguns só se conheciam por e-mail, outros não se viam há anos e outros ainda, como eu, tinham ali a oportunidade de se confrontar e se confortar com muitos novos rostos e vozes.

Comboio perdido – Depois do almoço, mais uma vez em comboio, o passeio seguiu para Nova Gokula, uma área mantida por representantes da religião Hare Krishna. Embora chuviscasse, o clima continuava caloroso. A busca pelo sorvete perfeito, uma das iguarias comercializadas em Nova Gokula, deixou espaço para conversas com moradores da comunidade Krishna, reflexões sobre religiosidade, fé, caminhos. Os descaminhos tomaram parte na saída da comunidade, momento em que os carros do comboio perderam-se (ou melhor, dois dos três carros perderam-se do seu guia). O hilário momento, no qual esperar na estrada era a única alternativa, não tirou o humor e ainda permitiu um aliviado reencontro.

Aproximadamente meia hora de estrada sinuosa e paisagem muito verde e chegamos ao recanto que Fábio e Marita nos reservavam. O sítio do casal, nosso abrigo daquela noite e do dia seguinte, foi um verdadeiro presente. Do deque onde deitados em confortáveis redes podiam ver o rio que corria, Débora e Mafê aproveitaram para meditar um pouco. Outros também passaram por ali para contemplar, silenciar, aquietar. O convite para conhecer a cachoeira – sim, ainda havia uma cachoeira – atiçou o espírito de alguns. Débora, Roberto e Lílian, além , mais uma vez, dos incansáveis Fábio e Marita, lançaram-se à água gelada. As outras mulheres, sentadas na beira do rio, sentadas sobre cangas, mais pareciam personagens de um quadro bucólico-tropical. A exuberância fantástica do lugar anunciou a chegada da noite com o agito do preparo do jantar. Agora, era a hora de ir para a cozinha.

Tom mostrou sua imensa habilidade de chef, coordenando os trabalhos e dando um toque especial à salada. O macarrão ao sugo teve ainda o toque das mãos habilidosas de Maria Alice e Marita. A cozinha, cumprindo seu papel de espaço gregário, ficou pequena para tanto vai e vem, conversas múltiplas. A vitrola ganhou o seu vinil e a celebração ficou assim, com um clima de festa. Um brinde completou o momento.

Noite de João Gilberto – Ainda nesta noite, todos foram agraciados com o relato de viagem da Mafê, uma tocante descrição de como encontros com o outro são capazes de nos transformar e nos encher de inquietude. Quando Mafê falou sobre um menino palestino que conhecera, cheio da beleza do espírito humano, de resistência de quem quer existir e se expressar, a comoção singela chegou a todos como um abraço. E a noite continuou com muita música boa e uma verdadeira ode à música brasileira e um dos seus gênios, João Gilberto. Na mesma noite despediram-se do grupo Tom, Maria Alice, Wellington e Luci, que retornaram a Pinda de onde, na manhã seguinte, partiriam para suas casas.

Na manhã de domingo, Débora, Mafê, Andréa e Roberto compartilharam cafés e chás trocando muitas idéias sobre como criar suportes e mecanismos para a manutenção e a expansão do Servas no Brasil. Descanso, mais rede, mais papo, uma passada em Pinda e hora de partir. Para esta que vos escreve e mais uma vez se apresenta, uma experiência acalentadora e revigorante, capaz de restituir aquela frágil parcela de fé nas pessoas e no que os encontros de diferenças podem proporcionar. Quando dois querem, dois trocam. E o mesmo pode acontecer com mais de dez. Esteja o conflito eminente ou não, concorde-se ou não, compartilhe-se ou não dos mesmos pontos de vista. O desafio do convívio é fascinante. Gratidão grande por integrar esta rede e desejo de ingressar nela de fato.

Assim se iniciaram as comemorações pelos 60 anos de Servas, no encontro em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Um pontinho concreto e reluzente na construção da paz.
-- Deca Pinto, Servas - SP

REVELANDO O MUNDO

Durante 23 anos, recebi 200 viajantes e visitei cerca de 100 anfitriões pelo Servas. Pouco a pouco, tornou-se um hábito abrir as portas da minha casa para o mundo e ser recebido por ele, na casa de pessoas que acabava de conhecer. Sou grato a todos com quem fiz essa troca. Como coordenador do Servas Brasil, sempre procurei aproximar integrantes de diferentes regiões do país e incentivá-los a se tornar líderes para ajudar a fazer o grupo crescer. Meu objetivo é sentir que os brasileiros conseguem se articular nesse imenso país. Quanto mais fortes e dinâmicos formos, mais oportunidades de encontros teremos. E mais contribuiremos para o ideal de união do Servas.
Fiquei tocado com a mensagem de agradecimento de Virginie Leveque, uma viajante da Guiana Francesa que esteve em São Paulo no ano passado, depois de rodar durante seis meses pela América Latina. Virginie foi recebida por integrantes do Servas e do Hospitality Club, e citou o nome dos anfitriões de todas a cidades onde ficou, referindo-se a cada um com uma palavra de carinho. O estado de Fortaleza, a cidade de Pomerode, a capital de Buenos Aires, os amigos Consuelo, Eduardo e Rebeca, entre tantos outros lugares e pessoas, foram minuciosamente lembrados. Para Virginie, a América Latina revelou surpresas. Abriu-lhe os braços. É assim que o Servas precisa continuar existindo. Revelando o mundo a seus participantes. E fazendo com que nos revelemos para o mundo.


-- Roberto Borenstein,
Secretário Nacional