Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Uma aventura chamada Servas

O carioca LUIZ ERNESTO BERTHOLO conta sua primeira experiência como viajante


Estou no Servas há dois anos, apesar de ter percorrido o mundo algumas vezes. Conheci a organização por meio de um casal belga que chegava ao Rio, desorientado, a bordo de um motor-home. Ajudei-os e convidei-os para minha casa. Tornaram-se, então, grandes amigos e me falaram sobre esse grupo fantástico de pessoas que se dispõem a receber em seu lar gente “do mundo” a fim de partilhar culturas, experiências e sentimentos e, como consequência, promover a paz mundial. Vinha ao encontro daquilo em que eu acreditava. Logo me tornei colaborador: o responsável pelas listas internacionais. Faltava experimentar o Servas na prática – o que aconteceu na viagem de 35 dias pela Europa em janeiro deste ano, com minha família.

Zigue-zague danado – Seis meses antes comecei a planejar a viagem. Como tenho uma filha de 13 anos, procurei famílias que tivessem filhas da mesma idade para que o entrosamento fosse maior. Depois de muito ler as listas da Alemanha, Holanda e França, cheguei a um grupo de 14 famílias. O que fazer, então? Decidi, então, enviar um email coletivo, supondo que umas cinco ou seis me responderiam. Para minha surpresa, todos responderam e de modo tão carinhoso que ficou difícil dizer que não iríamos.

Quase todos moravam em pequenas vilas. Deu muito trabalho fazer com que o nosso tempo coincidisse com o tempo livre de cada família. A maioria pedia que chegássemos no fim de semana – o que é compreensível –, mas isso era impossível com a “agenda” que tínhamos. Com muito jeito e compreensão das famílias, finalmente o roteiro estava pronto... Era um zigue-zague danado. Partimos, então, para a experiência Servas; estávamos preparados para “frieza” de alguns, para a falta de conforto. Como seria a recepção européia a uma família de brasucas? Levamos uma mala cheia com latas de feijoada, várias garrafas de cachaça e algumas lembranças típicas.

Feijoada regada a caipirinha – Querem saber o resultado? Indescritível... É muito difícil colocar em palavras o que vivemos lá, cada família resultou numa experiência diferente, mas todas foram fantásticas. Para duas delas, nós éramos os primeiros hóspedes Servas em mais de dez anos! Algumas nos deram o próprio quarto do casal pela falta de um quarto de hóspedes, todas nos prepararam uma refeição especial ou típica. Preparamos muitas feijoadas regadas a caipirinha. Conhecemos peculiaridades e pontos turísticos de cada cidade que nenhum guia de turismo sequer sonhou conhecer, vivenciamos costumes locais que não encontraríamos em nenhum manual turístico. Embora tenhamos solicitado os dias padrões de Servas, todos sem exceção nos ofereceram ficar mais dias, o que infelizmente nem sempre pudemos cumprir. Um anfitrião chegou a tirar folga do emprego para nos dar mais atenção! Para muitos, o mapa mundo incluí agora o Brasil. Enfim, deixamos amigos lá e trouxemos uma impressão diferente do velho continente, em que não importa o país ou a posição social de cada um: o sonho Servas de um mundo melhor é perfeitamente atingível, basta que as pessoas se libertem de seus preconceitos e sejam mais receptivas. Agora, mais do que antes, acredito que o “instrumento” Servas funciona, cabe a nós não deixar que morra. ☼

-- Luiz Ernesto Bertholo é o coordenador de listas internacionais e anfitrião no Rio de Janeiro

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