Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

domingo, 23 de maio de 2010

ERA UMA VEZ...

Nélio em ação

Take 1: “Perdido na noite”
Foi ao cinema sozinho. O filme talvez trouxesse uma trama inspirada em Júlio Verne, não se lembra direito, afinal era apenas um garoto. Ao sair da sala, porém, a noite já havia se instalado. Por mais que tivesse prestado muita atenção nos letreiros das lojas ao redor, no semáforo que tinha cruzado e na esquina dobrada quando chegara, tudo havia mudado. Aquelas luzes acesas e os letreiros brilhantes confundiam o adolescente. Ok, ok, ele morava no centro de Belo Horizonte, mas isso não significava que soubesse de cor todos os caminhos que levassem ao tesouro, ops, ao cinema. Passara boa parte da infância na frente da TV. Ou então, sentadinho ao lado da banca de jornais perto de casa, com um monte de revistinhas no colo. Brincadeira de rua só em Corinto, no interior mineiro. Ali podia pescar, andar de bicicleta, bater peneira... Perdido, sem saber o que fazer, pediu ajuda a um policial. Resultado: voltou de camburão para casa.


Take 2: “Eles não usam black-tie”
De novo no cinema. Mas agora já era um rapaz, tinha lá seus 16 ou 17 anos. Acabara de sair de uma sessão em que vira uma espécie de "videoarte" dos anos 1970, antes do surgimento do vídeo. Eram sequências de imagens artísticas de fotógrafos realizadas com o chamado “audiovisual”, uma espécie de aparelho, formados por dois projetores ligados a um dispositivo denominado dissolver, que exibe uma sucessão de slides de forma simultânea e sincronizada. “Quero trabalhar com isso”, disse a si mesmo. Buscou num catálogo todas as empresas que trabalhavam com “audiovisual”, em geral produtoras de anúncios institucionais, eram cerca de dez, e esteve em cada uma delas a fim de pedir emprego.
— Você tem experiência?
— Não.
— Preciso de alguém com experiência.
— Puxa vida! Mas como é que vou ter experiência se ninguém me deixa começar?
Silêncio.
— É verdade. Tá certo, rapaz, as portas da empresa estão abertas.
O moço apareceu lá no dia seguinte, caderno em punho, anotando tudo, fazendo mil perguntas. Um mês depois, estava contratado.


Take 3: “E la nave va”
Decidiu ir a Ouro Preto, onde Paul Mazursky e equipe estavam filmando “Luar sobre Parador”, com Sonia Braga e Raul Julia. Descobriu um brasileiro na equipe técnica. Arriscou:
— Não estão precisando de alguém no som?
— Mas que coincidência! Estamos precisando, sim!
Começou a trabalhar como cable men na hora.

Tornou-se um eficiente e requisitado técnico de som. Passou pela Rede Globo, esteve em agências de publicidade de Belo Horizonte, foi um dos fundadores da Curta Minas – Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas de Minas Gerais e já teve dois de seus vídeos premiados no festival Telemig Celular Art.mov. Tem mestrado em Artes Visuais; sua dissertação foi sobre Arte e Tecnologia da Imagem.

Qual o nome dele? Nélio Costa, uai, membro Servas de Belo Horizonte, Minas Gerais.

(texto: Mafê Vomero)

Nenhum comentário: