Paz e hospitalidade – Em seu primeiro ano de Servas, Claudia não recebeu visitas, nem o primeiro marido conheceu ninguém na Bélgica. Ao contrário, voltou ao Brasil desapontado com o coordenador de Bruxelas, que morava a uma quadra de sua universidade, mas nunca tinha tempo para vê-lo. Sem perder o ânimo, Claudia procurou os brasileiros. Passou a ouvir histórias de viagens e divulgar o Servas por onde ia. “Eu acreditava no ideal de paz e hospitalidade que o grupo propunha”, conta. Quando conheceu Roberto Borenstein, que hoje é coordenador nacional em São Paulo, uniu-se a ele para fortalecer seus planos. “Com minhas constantes viagens, ele me deu o simbólico título de Relações Públicas”, conta. Embora a função não exista na organização, Claudia a exerce muito bem. Em 1993, ajudou a distribuir e confeccionar camisetas, fez reuniões no Rio Grande do Sul e até aproveitou envelopes usados para reduzir os custos. Ela sempre teve o dom de usar os recursos disponíveis para facilitar o contato com membros internacionais. Quando foi diretora de uma empresa de importação e exportação, há oito anos, aproveitou viagens de trabalho para divulgar o Servas. Visitou a coordenadora sul-americana Marisa Contini, em Montevidéu, e passou a conhecer e ser conhecida por secretários internacionais interessados em expandir o grupo. “Os membros do Paraguai se tornaram uma extensão da família e contamos os dias para revê-los até hoje”, diz. Também tem boas lembranças do Chile, de onde recebe muitos hóspedes; da primeira conferência internacional, na Austrália; da Guatemala e da Tailândia; do escritório de Nova Iorque, onde trabalhou como voluntária e organizou encontros quando visitou os Estados Unidos.
“Primos no mundo todo” – Seus primeiros visitantes, o casal Gabi e Bat Sheba Barshi, de Israel, foram por ela visitados. “Digo que tenho primos no mundo todo e viajo para revê-los ou conhecê-los”, conta Claudia, que já passou por 20 países em busca dos “entes queridos”, incluindo Egito e Nova Zelândia. A primeira anfitriã, Helga Smith, de Nova Iorque, guardou em Claudia uma das melhores lembranças do bem que os membros do Servas querem um ao outro. “Em 1995, sem nem me conhecer, Helga cedeu o quarto e a cama e dormiu no sofá da sala para que eu tivesse conforto depois de nove horas de vôo”, lembra. Helga foi sua madrinha de casamento, assim como outros amigos membros do Servas. A organização passou a fazer parte de sua vida, nos momentos bons e nos ruins também. Quando precisou tratar um câncer de mama, recebeu visitas inesperadas. “Vieram dos Estados Unidos e do Paraguai para passar longas temporadas comigo e meu marido, em Porto Alegre”, conta. “Foi um dos fatores determinantes para a minha recuperação”. Para Claudia, a troca de culturas e nacionalidades e humana proporcionada pelo Servas é uma maneira de construir a paz no mundo, a boa vontade e o entendimento entre os seres. “E abre caminhos jamais imaginados”.
- - Débora Didonê