Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

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terça-feira, 29 de abril de 2008

Claudia, a érrepê do Servas

Cláudia, em pé, ao lado da viajante Virgine

Enquanto o marido se preparava para uma pós-graduação na Bélgica, a porto-alegrense Claudia Joenck Cayres Pinto tentava encontrar uma organização internacional naquele país, cujos membros o acolhessem e apresentassem a cultura local. Chegou o dia de ajudá-lo a arrumar as malas, e nada. Ao embrulhar alguns itens frágeis da viagem com folhas de jornal, leu a notícia do encontro, no Rio de Janeiro, de uma organização pacifista, chamada Servas. Ligou para o editor do jornal atrás do contato do grupo e conseguiu, com o fotógrafo da matéria, o telefone de Sandra Vigna, a fundadora do grupo no Brasil. Foi ela quem entrevistou o marido de Claudia, no Rio, horas antes do vôo para a Europa. “Fiquei impressionada com a boa vontade da Sandra e feliz por saber que também poderia me tornar uma anfitriã”, diz. A gaúcha, de 55 anos, considera-se viajante desde os três. Mas integra o Servas desde os 31. Hoje, tem um companheiro “dois em um” para as jornadas. James Patterson, com quem casou em 2001, tem cidadania norte-americana e brasileira. As filhas do primeiro casamento, Ângela e Elizabeth, acompanham Claudia de vez em quando. Afinal, não é tão fácil ser filha de alguém tão inquieta. Claudia se move pela vida, pelo humano, e se tornou peça-chave da organização, divulgando-a pelo mundo.

Paz e hospitalidade – Em seu primeiro ano de Servas, Claudia não recebeu visitas, nem o primeiro marido conheceu ninguém na Bélgica. Ao contrário, voltou ao Brasil desapontado com o coordenador de Bruxelas, que morava a uma quadra de sua universidade, mas nunca tinha tempo para vê-lo. Sem perder o ânimo, Claudia procurou os brasileiros. Passou a ouvir histórias de viagens e divulgar o Servas por onde ia. “Eu acreditava no ideal de paz e hospitalidade que o grupo propunha”, conta. Quando conheceu Roberto Borenstein, que hoje é coordenador nacional em São Paulo, uniu-se a ele para fortalecer seus planos. “Com minhas constantes viagens, ele me deu o simbólico título de Relações Públicas”, conta. Embora a função não exista na organização, Claudia a exerce muito bem. Em 1993, ajudou a distribuir e confeccionar camisetas, fez reuniões no Rio Grande do Sul e até aproveitou envelopes usados para reduzir os custos. Ela sempre teve o dom de usar os recursos disponíveis para facilitar o contato com membros internacionais. Quando foi diretora de uma empresa de importação e exportação, há oito anos, aproveitou viagens de trabalho para divulgar o Servas. Visitou a coordenadora sul-americana Marisa Contini, em Montevidéu, e passou a conhecer e ser conhecida por secretários internacionais interessados em expandir o grupo. “Os membros do Paraguai se tornaram uma extensão da família e contamos os dias para revê-los até hoje”, diz. Também tem boas lembranças do Chile, de onde recebe muitos hóspedes; da primeira conferência internacional, na Austrália; da Guatemala e da Tailândia; do escritório de Nova Iorque, onde trabalhou como voluntária e organizou encontros quando visitou os Estados Unidos.

“Primos no mundo todo” – Seus primeiros visitantes, o casal Gabi e Bat Sheba Barshi, de Israel, foram por ela visitados. “Digo que tenho primos no mundo todo e viajo para revê-los ou conhecê-los”, conta Claudia, que já passou por 20 países em busca dos “entes queridos”, incluindo Egito e Nova Zelândia. A primeira anfitriã, Helga Smith, de Nova Iorque, guardou em Claudia uma das melhores lembranças do bem que os membros do Servas querem um ao outro. “Em 1995, sem nem me conhecer, Helga cedeu o quarto e a cama e dormiu no sofá da sala para que eu tivesse conforto depois de nove horas de vôo”, lembra. Helga foi sua madrinha de casamento, assim como outros amigos membros do Servas. A organização passou a fazer parte de sua vida, nos momentos bons e nos ruins também. Quando precisou tratar um câncer de mama, recebeu visitas inesperadas. “Vieram dos Estados Unidos e do Paraguai para passar longas temporadas comigo e meu marido, em Porto Alegre”, conta. “Foi um dos fatores determinantes para a minha recuperação”. Para Claudia, a troca de culturas e nacionalidades e humana proporcionada pelo Servas é uma maneira de construir a paz no mundo, a boa vontade e o entendimento entre os seres. “E abre caminhos jamais imaginados”.

- - Débora Didonê

2 comentários:

ledinhas disse...

Claudia, neta de minha madrinha Angelina, parabens pelo trabalho que fazes a tanto tempo. Sou Leda Casarin, hoje moro na Inglaterra e casulamente li este artigo sobre este trabalho lindo.Meu email- ledacasarin@hotmail.com

malu disse...

Claudia, sou sua ex-colega do Bom Conselho,hoje moro em Long Island, leciono em New York City.
Parabens pelo seu trabalho por um mundo melhor. malue1@hotmail.com