Paz e entendimento por meio de viagens e hospedagem

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Epifanias na capital mais verde do Brasil



Ouvia falar da Amazônia desde pequena. Na escola, nos jornais e até nas conversas com amiguinhos, com quem discutia seriamente sobre a devastação das florestas. Já grande, saí da faculdade e vim morar em São Paulo, extremo oposto da Região Norte do país. Com quase seis anos de Sampa (fui criada em Joinville e estudei em Florianópolis), uma força vital sinalizou: Vá para a Amazônia! Vá sentir a vida, a fluência dos rios e o silêncio penetrante das florestas! Em outubro, perto das minhas férias, entrei no Servas a convite de uma amiga muito querida. Marquei a viagem e ficou combinado que meu primeiro anfitrião seria de Manaus.

Hospedei-me em um albergue descolado, cheio de gringos, na região central da capital manauara, perto do Teatro Municipal e sua vasta programação de shows, dos prédios históricos revitalizados e do porto à beira do Rio Negro – e do qual eu sairia de barco a caminho de Belém do Pará, dias adiante. Jander Nascimento, meu day host Servas, um rapazote com cara de menino, calmo, sorridente e muito, muito gentil, preocupou-se em manter contato assim que soube da minha chegada. Em minha primeira noite, levou-me a um interessantíssimo passeio. Visitamos a orla de Manaus, com vista para a praia de Ponta Negra e, como dois exploradores, atravessamos um hotel rodeado por caminhos verdes e chegamos à areia branca de uma praia de água doce. Emoção! A primeira da minha vida!


Manaus, à noite, tem um movimento que é só dela. Dependendo do lugar em que se está, sons urbanos se misturam com o assovio (escondidinho no ouvido) de um vento fresco – que normalmente não aparece de dia. Perto da praia ou do rio, protagonizam o som das águas batendo nos cascos dos barcos ancorados e ofuscam os olhos as lâmpadas rebrilhantes dos barquinhos em retirada. Os sons amazonenses são como um mantra. Ainda um pouco tonta com a mudança de fuso (com o horário de verão de Brasília, ganhei duas horas em Manaus), eu dizia emocionada ao Jander: Obrigada, querido! Que lindo! Que lindo! O passeio não havia terminado. Seguimos para uma caldeirada em um restaurante a céu aberto, de volta à Ponta Negra. Acredite, os manauaras tomam caldo quente... e é delicioso, pois a carne dos peixes de água doce é muito encorpada e saborosa.


Foi muito bacana conhecer meu primeiro amigo do Servas em um cenário tão raro, tão único. Conversamos muito, como se fôssemos velhos amigos. Em poucos minutos, já brincávamos um com o outro. E Jander, mesmo sem poder me rever nos dias seguintes, manteve contato e esteve disponível para ajudar no que fosse preciso. Três dias depois de conhecê-lo e de comemorar meus 29 anos na capital mais verde do Brasil, segui de barco a Belém. Foram cinco noites fantásticas, em uma embarcação simples, lotada de trabalhadores e famílias e onde conheci cinco turistas europeus deslumbrados com o Brasil. Conversamos sobre inúmeros estados do país, as comidas, as músicas e, principalmente, o idioma. Fizemos descobertas lindíssimas no meio do caminho, com escapadelas do barco do qual, na maioria do tempo, não permitiam que saíssemos. Em Belém, deparei-me com uma capital agitada, riquíssima em cultural e história e quente, quente. Espero voltar logo. Saudades.

-- Depoimento de Débora Didonê

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